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Fonte: http://www.miratocantins.com.br/noticia.php?l=38f10f7e681c9cb30888244cea28346a

A História de um Povo e sua Terra ... um povo sofrido, mas que continua vivo... vivendo por Miracema.

25/08/2021 00:01:10

Neste 25 de agosto, Miracema do Tocantins completa 73 anos de emancipação política. De 1948 a 2021, a ‘Pacata Cidade’ – como outrora era chamada, vem convivendo com frequentes tempestades e raras bonanças.

Antes de libertar-se do jugo de Santa Maria do Araguaia (hoje Araguacema), Miracema foi Bela Vista – nome dado pelo primeiro morador, Pedro Praxedes, no início dos anos 20.

Já nos anos 40, o saudoso Américo Vasconcelos, em homenagem aos indígenas (Xerente) da região, batizou o já distrito com o nome: "Miracema" que origina-se da junção do verbo "mirare", oriundo do latim, que significa - mirar - ver - olhar - admirar, e "cema", sufixo Tupi - Guarani, que quer dizer - água.

Conta a lenda que ‘Seu’ Américo, sentado no barranco que hoje é o Ponto de Apoio, contemplava as águas do rio Tocantins, daí o simbolismo, ‘Olhando (mirando) as águas’.

Já na linguagem Xerente (Akwẽ-Xerénte Krikahâ dawanã hã) ‘Miracema’ é originário do tupi antigo ‘pirasema’, que significa "saída de peixes" (pirá: peixe e sema: saída). Mirando aquelas águas, ‘Seu' Américo vislumbrava o “Nascer de uma criança”, conforme traduz o ‘Dicionário de Nomes Próprios’, embora Miracema em tupi-guarani, significa literalmente: ¨pau que sai (brota) ¨, ( mirá (ibirá) + cema ).

Como o então governo Getúlio Vargas proibia a duplicidade de nomes, um fatídico decreto de dezembro de 1943, denominava o distrito com a toponímia de Cherente (com ch mesmo), que prevaleceu até 25 de agosto de 1948, depois que João Reis, Américo Vasconcelos, Zacarias Rocha, Elias Bozaipo e Delfino Araújo, foram buscar em Goiânia uma legenda com o então senador Domingos Velásquez, para disputar e vencer as eleições, já que o PSD e a UDN estavam nas mãos de um casal em Santa Maria do Araguaia.

Conforme conta em seu livro 'Retalhos de um passado', o escritor e historiador Américo Vasconcelos, contra tudo e quase todos do município de Couto Magalhães, João Reis foi eleito prefeito e os amigos elegeram-se vereadores, quando em clima festivo dos habitantes daqui, seguiram sobre lombos de burros por aproximadamente 200 km, até a sede do município para cerimônia de posse, em Santa Maria do Araguaia, hoje Araguacema.

O primeiro ato da nova legislatura foi a Resolução Nº 1, de autoria do vereador Delfino Araújo, que desmembrava o distrito, criando assim o município de Miracema do Norte, devidamente sancionada pelo prefeito João Reis.

A partir daí, a ‘pacata cidade’ ganhou projeção nacional, confrontando inclusive, sua homônima do Rio de Janeiro, mas o abandono por estar no norte goiano a fez parar no tempo e no espaço.

A exemplo da lenda do pássaro Fênix, que ressurgiu das cinzas, a saga de Miracema estava apena começando:
foi invadida pelas águas do rio Tocantins, em 1980, quando ressurgiu ... das águas, e depois foi cantada pela Banda Blitz na composição de Evandro Mesquita “A Dois Passos do Paraíso”; serviu de útero e berço para o nascimento do Estado do Tocantins, quando foi primeira capital, embora em caráter provisório, mas em menos de um ano deixou de ser capital e foi atirada num caos social; foi sede da regional e de uma subestação da Eletronorte, após ter em seu território a construção da primeira Usina Hidrelétrica privatizada do país, logo perdeu a sede da estatal e lhe foi subtraído 50% do ICMS arrecadado da Usina; teve realizado o sonho da construção de uma ponte sobre o rio Tocantins, porém fora da zona urbana do município. Ainda perdeu as seccionais do IBGE, da Receita Federal, está perdendo a agencia pública do BASA e viu assassinado seu prefeito em 2018, até então desfazendo a chancela de que o crime não compensa.

Por José Carlos de Almeida