Impresso em: 27/04/2024 11:33:50
Fonte: http://www.miratocantins.com.br/noticia.php?l=8e35aebc42ae5652048c70cc8c094633

Ele nos deixou; “Esse cara morreu”.

01/01/2015 08:00:27

Ele nos deixou; “Esse cara morreu”.

É. Ele já não convive mais com a gente; se foi para não mais voltar.
Bastante idoso, era chamado de velho e até rabugento, principalmente quando estava nos seus últimos dias, quando hesitava em morrer se não lhe garantissem uma despedida festiva.


Acho até que ele era um cara do bem, transvestido de rude, às vezes truculento, mas no fundo bem intencionado. Talvez nós é que não soubemos entender o livre arbítrio que ele nos proporcionou.

Assim como no futebol, quando o artilheiro da contenda que perde o gol decisivo é defenestrado pelos sacripantas, esse cara foi julgado e condenado por muitos de nós que não logramos êxitos nas pelejas da vida.

Se não pudemos brincar o carnaval nem a micareta, viajar na semana santa, sentir o orgasmo das férias e engolir uma páscoa sem ovos;
se nosso time não ganhou o estadual nem o brasileirão e se a seleção perdeu o mundial de forma humilhante em casa;
se esqueceram nosso aniversário, se os governos nos traíram, os parlamentares se corromperam e a presidente deu dor ou prazer é a mesma;
e até mesmo se amigosse converteram em inimigos, familiares se omitiram no socorro e o casamento se desmoronou;
finalmente, se a empresa quebrou, o emprego faltou e o mundo caiu, culpamos esse cara.

Muitos de nós, festejarmos o ano que chega ou comemoramos a morte desse cara que se foi, em quem  depositamos nossas culpas e fracassos.

Na verdade esse cara já viveu o outro lado, quando nascia e seu antecessor morria.
A diferença entre ele e outros é que alguns deixam marcas que nos fazem reviver e outros, deixam cicatrizes que nos obrigam a esquecer.

Esse cara que chamávamos por ‘2014’, que deu a cada um de nós, 365 dias com 24 horas cada, para que pudéssemos escolher como gastar, é denominado ‘tempo’.
Agora, se esse tempo, que rotulamos de2.014, foi bom ou ruim, a responsabilidade é de cada um de nós, pela sua aplicação, desperdício ou ociosidade.

Não obstante, esse velhinho que nos deixou, morava dentro da gente; era nosso servo. Obedecia nossa cabeça e nosso coração.

Mas como somos humanos: se foi bom, o orgulho é nosso; se foi ruim, a culpa é dele.

Que venha o ano novo, que já chamamos de 2.015  !