A fama (ou melhor, má fama), todo mundo já conhece: a sexta-feira 13 é o dia do azar. Única do ano, a data ainda ganhou um motivo a mais para se temer em 2021, por cair justamente em pleno agosto, considerado o "mês de desgosto" para algumas pessoas.

Para se blindar do suposto azar que envolve o dia, há quem recorra às famosas superstições. O aposentado Marival Clicio Maia, 72, por exemplo, guarda uma lista delas. E chama a atenção: sexta-feira 13 em agosto é pior ainda. “Dia sinistro, não se pode passar por debaixo de escada, atravessar a rua, e principalmente sexta-feira 13 do mês de agosto, é a pior sexta-feira 13 que existe”, afirma ele, que diz ainda evitar passar perto de gatos pretos.

Em um mundo cada vez mais moderno, engana-se quem pensa que a superstição é coisa de gente mais velha. A arquiteta Brenda Brito, 26, conta que não deixa a sandália virada de cabeça para baixo no dia a dia por medo de que isso possa prejudicar a sua mãe. Com relação a sexta-feira 13, ela já sabe o que deve fazer para evitar o azar.

Existe até um nome para descrever o pavor irracional da data: parascavedecatriafobia - uma forma especializada de triscaidecafobia, um medo do número 13.

"Procuro não deixar o pente cair pois é sinal de aborrecimento ou descer da cama com o pé esquerdo. Isso é sinal de um dia repleto de azar", enumera a arquiteta Brenda Brito, 26.

Por outro lado, há quem não se importe com a fama sobrenatural da sexta-feira 13, e ao falar sobre o que não fazer no dia, passam longe das superstições.

Na tradição bíblica, o conceito de sextas-feiras infelizes remonta ainda mais longe do que a crucificação: diz-se que o dia da semana foi quando Adão e Eva comeram o fruto proibido da Árvore do Conhecimento; o dia em que Caim assassinou seu irmão, Abel; o dia em que o Templo de Salomão foi derrubado; e o dia em que a arca de Noé zarpou no Grande Dilúvio.

"As pessoas têm muito preconceito com gatos pretos, dizem que dá azar cruzar e passar perto deles. Acho que isso acaba aumentando os maus-tratos a estes animais, então uma coisa que a gente não deve fazer de jeito nenhum na sexta-feira, 13, é bater em gato preto. Aliás, nem em dia nenhum", pede a autônoma.

Em tempos pagãos, por exemplo, acreditava-se que sexta-feira tinha uma associação única com o feminino divino. A primeira pista pode ser encontrada no nome do dia da semana, sexta-feira, que é derivado do inglês antigo e significa "dia de Frigg". Rainha de Asgard e uma poderosa deusa do céu na mitologia nórdica, Frigg (também conhecida como Frigga) foi associada ao amor, casamento e maternidade.

Frigg deu proteção a lares e famílias, manteve a ordem social e poderia tecer o destino como fez com as nuvens. Ela também possuía a arte da profecia e podia conceder ou remover fertilidade. Por outro lado, Freyja, a deusa do amor, da fertilidade e da guerra com a qual Frigg costumava ser confundido, era dotada do poder de realizar magia, prever o futuro e determinar quem morreria em batalhas, e dizia-se que montava uma carruagem puxado por dois gatos pretos.

Essas deusas eram amplamente adoradas por toda a Europa e, por causa dessas associações, a sexta-feira era considerada um dia de sorte para o casamento pelos nórdicos e teutônicos. 

Embora tenha gente que prefira não sair de casa para se certificar de que não vai ser pego pelo azar, a enfermeira Luana Conceição, 42, reforça algo que não deve jamais ser esquecido: a proteção contra a Covid-19.

"Nesta sexta-feira 13, em pleno agosto, acho que vale fazer o que for preciso para fugir do azar: tomar aquele banho de ervas, evitar passar debaixo de escadas...Porém, o que não vale mesmo é deixar de tomar a vacina da Covid-19 por medo de sair de casa", ressalta.